SOLIDÃO ACOMPANHADA
Chegaram em silêncio, olharam um pouco ao redor e escolheram aquela mesa lá bem no cantinho.
O Sol estava tão apetecível como perigoso.
Em silêncio abriram o chapéu-de-sol que os abrigaria e que tornou ainda mais colorida a esplanada.
Em silêncio se sentaram. Ela, em silêncio ficou a observar as pessoas que partilhavam aquele espaço de convívio tão agradável, ali mesmo, perto do mar.
Eu era uma delas. Sou frequentemente atraída para lá.
Por detrás dos óculos escuros, não se percebia para onde ela dirigia o seu olhar, nem tão pouco que expressão transmitia. Mas, reparando melhor, não era assim tão difícil de adivinhar.
Ele, em silêncio abriu o jornal que trazia debaixo do braço e alheio a tudo, iniciou a leitura.
O silêncio foi quebrado pela pergunta do que desejavam tomar, feita pela simpática empregada que, qual formiguinha, ali laborava.
Ele respondeu: “ o mesmo de todos os dias”.
Enquanto a “formiguinha” se afastava, ela sorriu um pouco, mas voltou a refugiar-se, a si e à sua expressão, por detrás dos grandes e modernos óculos que apenas davam brilho àquele rosto devido à enorme e afamada marca que reflectiam.
Os cafés e os bolos chegaram.
Em silêncio os receberam, em silêncio os tomaram e comeram e em silêncio permaneceram até ao fim.
Como pesava a ambos, talvez mais a ela, aquela ausência de palavras!
Como me começou a pesar a mim própria, mera observadora daquele triste quadro de fim-de-semana! Impressionante, impressionante mesmo! E quão triste!
Dois seres humanos unidos certamente no dia a dia, mas tão separados na realidade!
O que comungariam ambos? A vontade de estarem ali juntos? Certamente a vontade de cumprirem um ritual; “o de todos os dias”. A dois, mas cada um por si com os seus silêncios, com os seus interesses, tão sós.
Solidão acompanhada, um peso certamente muito forte.
Em silêncio se levantaram, em silêncio se dirigiram à caixa da esplanada, em silêncio partiram.
Ele com o seu jornal debaixo do braço, ela com os seus óculos de marca a esconderem uma expressão que adivinho triste e acomodada.
Foi mais forte do que eu! Aqui mesmo na esplanada, abri o livro que hoje me acompanha, com quem falo e que fala comigo, retirei dentro dele esta folha de papel e não pude deixar de, bem debaixo do choque provocado, registar um momento tão tocante e quase vulgar na sociedade que nos rodeia.
Solidão acompanhada! Dá que pensar!
O Sol estava tão apetecível como perigoso.
Em silêncio abriram o chapéu-de-sol que os abrigaria e que tornou ainda mais colorida a esplanada.
Em silêncio se sentaram. Ela, em silêncio ficou a observar as pessoas que partilhavam aquele espaço de convívio tão agradável, ali mesmo, perto do mar.
Eu era uma delas. Sou frequentemente atraída para lá.
Por detrás dos óculos escuros, não se percebia para onde ela dirigia o seu olhar, nem tão pouco que expressão transmitia. Mas, reparando melhor, não era assim tão difícil de adivinhar.
Ele, em silêncio abriu o jornal que trazia debaixo do braço e alheio a tudo, iniciou a leitura.
O silêncio foi quebrado pela pergunta do que desejavam tomar, feita pela simpática empregada que, qual formiguinha, ali laborava.
Ele respondeu: “ o mesmo de todos os dias”.
Enquanto a “formiguinha” se afastava, ela sorriu um pouco, mas voltou a refugiar-se, a si e à sua expressão, por detrás dos grandes e modernos óculos que apenas davam brilho àquele rosto devido à enorme e afamada marca que reflectiam.
Os cafés e os bolos chegaram.
Em silêncio os receberam, em silêncio os tomaram e comeram e em silêncio permaneceram até ao fim.
Como pesava a ambos, talvez mais a ela, aquela ausência de palavras!
Como me começou a pesar a mim própria, mera observadora daquele triste quadro de fim-de-semana! Impressionante, impressionante mesmo! E quão triste!
Dois seres humanos unidos certamente no dia a dia, mas tão separados na realidade!
O que comungariam ambos? A vontade de estarem ali juntos? Certamente a vontade de cumprirem um ritual; “o de todos os dias”. A dois, mas cada um por si com os seus silêncios, com os seus interesses, tão sós.
Solidão acompanhada, um peso certamente muito forte.
Em silêncio se levantaram, em silêncio se dirigiram à caixa da esplanada, em silêncio partiram.
Ele com o seu jornal debaixo do braço, ela com os seus óculos de marca a esconderem uma expressão que adivinho triste e acomodada.
Foi mais forte do que eu! Aqui mesmo na esplanada, abri o livro que hoje me acompanha, com quem falo e que fala comigo, retirei dentro dele esta folha de papel e não pude deixar de, bem debaixo do choque provocado, registar um momento tão tocante e quase vulgar na sociedade que nos rodeia.
Solidão acompanhada! Dá que pensar!
8 Comments:
Então e o respeito pela privacidade e individualidade de cada um?
Falar tambem pode esconder a solidão. Quem diz que, um lendo e o outro apenas contemplando e ou pensando, não podem estar em harmonia e muito juntos interiormente?
Não nos devemos projectar tanto nos outros, ser tão parciais. Há sempre várias abordagens
Sem dúvida, Fátima! Prefiro estar no meu silêncio comigo mesma do que numa de solidão acompanhada! Muito triste e tanto se vê por aí...beijos para ti.
É bem triste de facto, mas ao mesmo tempo real!!!
No entanto a solidão a solo é capaz de ser bem pior...
AS
É isso, é mesmo isso que me assuta. Ainda que acredite que o primeiro comentador tb possa ter a sua razão, pensando assim, como sabe, assusta.
Bjs
Oh Fátima, esta solidão deu-me que pensar, muito mais quando ela é acompanhada. Dá muito para pensar e quanto mais me atrevo a pensar mais apertado sinto o coração. Por ti, por mim, por tantos outros que vagueiam por todo o mundo...
Restou-me aquele reflexo lindo nas águas do mar, planadas por um bando de gaivotas...
Um dia de Paz, amiga.
José Gomes
Um Domingo pleno de Brilho...
BShell
Solidão acompanhada!
Orfãos de pais presentes!
"Amigos" de ocasião!
Em que sociedade vivemos?
Onde está a nossa culpa?
Como "tratar" esta doença?
Penso que nem tudo estará perdido,enquanto houver alguém que repare neste estado de coisas.
Façamos o que a cada um compete.
Ser só não é estar só. Posso estar só na multidão ou acompanhado sozinho. Fiz o caminho de Compustela na Espanha e compreendi o que é estar só, mas acompanhado. Por um acaso o meu blog se intitula "Solidão acompanhada". Visite-o e perceba um pouco de tudo.
Um grande abraço sem braço...
Tudo é metáforas
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