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domingo, outubro 21, 2007

NOITE DE OUTONO



Noite cálida, tranquila, onde só os sons do silêncio se fazem ouvir.
É nesta quietude que a minha alma se acomoda ainda mais, dentro da paz de si própria, e me transmite este estado de espírito de infinita harmonia com a calma envolvente.


O perfume exalado pelas flores que me rodeiam, são o toque necessário para me sentir banhada pela graça da Natureza que tão sabiamente Deus coloca ao nosso dispor, apenas “pedindo” que a aceitemos e agradeçamos pela sua existência.


Olho ao meu redor e observo que as cores da relva e de cada flor, têm uma tonalidade bem diferente da verdadeira cor com que me brindam durante 0 dia.
Não corre um sopro de vento.

Só a calma paira como que por magia.


Sinto como o “Pincel Divino” continue a transformar os tons de cada pétala, cada caule, cada recanto, cada silêncio, pintando a noite mais linda, nesta noite de luar.


Esperei noites a fio, durante todo o Estio, uma noite assim tão calma, que me aquietasse a alma e me embalasse até sonhar.


Outono, estação diferente, surpreendente afinal!

sexta-feira, outubro 05, 2007

A PLANTAÇÃO DE BATATAS



Pois é, menina! Semear é uma arte!

Foi assim, com um certo sorriso nos lábios, que o Ti João com o seu rosto emoldurado pelas marcas profundas do passar dos anos, me ensinou bem cedo uma das lições básicas para toda a vida. " Se queremos colher, temos que bem semear ".

Lembro-me de ver o Ti Toino a semear as suas batatas e de cada vez, para seu desepero, na hora da apanha, aparecerem ainda mais pequenas que as anteriores.

Mesmo ao lado, o Ti João pelo contrário colhia belas batatas. Dava gosto vê-las.

Um dia, e porque "o porquê das coisas" sempre me fascinou, sentei-me ao lado dele na beira do muro que dava para o caminho e em vez de falarmos do tempo, dos filhos e da Ti Augusta que andava adoentada, falámos daquela diferença que saltava aos olhos e que tanto me intrigava.

Na sua voz pausada, que ainda hoje consigo ouvir, disse-me:

- "Não tem segredo nenhum! A terra tem que ser preparada para que possa produzir. Se semeamos a batata sempre em cima da mesma terra cansada de tantos anos, sem a deixarmos primeiro respirar, descansar até se recompôr, apanhar chuva e sol, remexê-la com o arado para se renovar, adubá-la e formos "cabeçanas" e apressados como ali o Ti Toino, nunca havemos de colher nada que preste".

E continuando, foi-me dizendo que não tinham já conta as vezes que lhe tinha explicado tudo isso, mas que se havia de fazer, ele insistia em fazer à sua maneira...

Belo fim de tarde aquele que nunca mais esqueci. O segredo não está no acto em si, mas na preparação do terreno onde queremos colocar e depois colher o que quer que seja.

Há na verdade "um tempo" para tudo. Se forçamos esse tempo, se não se der "tempo ao tempo", esse tempo pode até nunca chegar.

Válido para as batatas, válido para tudo na vida.

E voltando às palavras do Ti João, "Semear é uma arte, falhas na semedura é o que se vê! Uma tristeza, menina, uma tristeza."

Palavras sábias as do Ti João!