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quarta-feira, novembro 30, 2005

Depus a máscara e vi-me ao espelho

Depus a máscara e vi-me ao espelho.
Era a criança de há quantos anos.
Não tinha mudado nada…
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passado que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei-a a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.
E volto à personalidade como a um términus de linha.


No dia do 70º aniversário da morte do grande FERNANDO PESSOA, a minha singela homenagem com este poema escrito pelo seu heterónimo Álvaro de Campos.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Carta para um amigo/a

Sei que estás a sofrer! Não precisas de o dizer, sinto-o, sabes?

No tom da tua voz, nas palavras soltas que deixas escapar, nas pausas que fazes para começares uma nova frase, enfim, nos pequenos nadas que os amigos sabem tão bem descortinar, mesmo à distância.

É que a amizade não conhece limites nem tem fronteiras e como tal, distância é uma palavra utópica para ela.

Ao pedires-me para não me preocupar contigo, tenho que te dizer que me pedes uma tarefa impossível demais.

Razões? Fazes parte da minha vida, fazes parte de mim e, como tal, estamos pela amizade implicitamente ligados a viver na selva problemática da nossa existência.

No palco da vida, a deixa que tive o privilégio de escolher para entrar, é precisamente aquela em que os amigos, cansados de caminhar, se sentam na beira da estrada para retomarem de novo o seu caminho.

É aí que eu me sento com eles, bem ao lado, para dar o meu ombro, as minhas mãos e um pedacinho do meu coração.

Amizade é poder escutar o outro, viver com ele as suas tempestades, as suas iras, incertezas, desesperos, gritos e choros. Mas é também viver a chegada da bonança, com os sorrisos, as alegrias, os sonhos e as esperanças que daí advêm.

Não me podes pedir que só partilhe contigo o brilhar do Sol, o verde inigualável do mar, o azul repousante do céu, a brisa calma num fim de tarde ao pôr-do-sol.

Eu existo precisamente para partilhar contigo, sobretudo, os dias bem escuros e chuvosos, o cinzento do mar o céu carregado de nuvens e as rajadas de vento forte.

A amizade não tem hora marcada e por isso está sempre presente no meu coração junto daqueles que, um dia me conquistaram com uma luz única, forte e brilhante e que, na caminhada da vida possam precisar de alguém para partilhar, até mesmo o silêncio.

Essa luz é única para cada ser. Foi exactamente ela que me conquistou no dia em que sentimos que devíamos partilhar, de facto, a palavra amizade em toda a sua plenitude.

O dia em que nos tornámos AMIGOS.

É este o meu jeito de ser! Daí, continuar a sentir e pressentir o que de bom e menos bom possa acontecer.

Conta sempre comigo. Eu estou aqui.

Um abraço com a maior AMIZADE.



quarta-feira, novembro 09, 2005

Parece mentira...



Pobre galito!

Já não lhe bastava a ameaça da famosa "gripe das aves" quanto mais ainda ver-se acorrentado desta forma!!!

(imagem retirada de um e-mail recebido sob o titulo de Portugal no seu melhor).

É triste, no minimo! Não só a imagem por sí, como o carimbo que lhe foi colocado.

sexta-feira, novembro 04, 2005

Quatro de Novembro

Há dias
em que a saudade é mais forte
bate em nós
como vento com rajadas Norte
ficamos feridos de morte
com um amargo sabor na boca,
lágrimas persistentes no olhar,
um nó na garganta seca,
a voz sem som para emitir,
um frio que não se define,
e uma enorme vontade de fugir.

Há dias especiais
em que a saudade dói mais
e nos lembra a cada instante
que tudo passa num instante
que não te posso ver mais.

Há dias em que recordar
é dizer o verbo amar
com a maior força da alma
que esse verbo contém,
e dizê-lo com a certeza
que em tua singeleza
foste quem mais me amou,
Minha Mãe.

quinta-feira, novembro 03, 2005

De Ontem


De ontem ficou,
uma sensação de felicidade
há muito adormecida,
uma leveza de alma
já quase esquecida,
uma alegria intensa
plenamente vivida.

De ontem ficou,
o som dessa voz suave
que desejo voltar a ouvir,
a visão de um sorriso
que é muito mais do que sorrir,
o vislumbrar de um interior
imenso por descobrir.

De ontem ficou,
o passar do tempo
no relógio da vida
que não conseguimos sentir,
ao partilharmos segredos
que não sonhávamos
pudessem existir.

De ontem ficou,
a marca da intensidade
do que estava a acontecer,
do momento lindo
que pudemos escrever
na página da nossa vida
que faltava preencher.

E uma vontade imensa
de que o “ontem”
volte de novo a acontecer.