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terça-feira, julho 06, 2010

MATILDE ROSA ARAUJO 20/06/1921 - 06/07/2010


Até sempre!
Era assim que nos despedíamos.
Até sempre, porque nos havíamos de voltar a encontrar, cruzando uma vez mais esse sorriso único, enigmático, terno e carinhoso que tocava bem fundo na alma, com a magia que só os seres especiais conseguem tocar.

1959/60, foi o ano lectivo em que iniciei a "ventura" de a ter como minha Professora de Português na velhinha Escola Fonseca de Benevides.
O meu interesse pela leitura, conjuntamente com a admiração que em mim despertou, fez com que criássemos laços de Amizade para além das aulas e vou sempre poder recordar a Amiga especial, alegre, descontraída, sonhadora e presença exemplar em todas as horas, como ser humano de excepção.
Marcou para sempre a minha vida, ensinando-me muito mais do que a matéria a leccionar, pela forma poética com que transmitia o seu imenso saber, cativando pelo seu único “saber dizer”.
Qualquer prosa era poesia, depois de ouvida nesse tom mavioso que sempre a acompanhou e que hoje para sempre partiu.

A longo da vida, nunca nos deixámos de encontrar, partilhando a paixão pelas bonecas de loiça, pela leitura, pela poesia e pela sensibilidade com que vivia todas as alegrias com que a vida nos ia brindando.
Os nascimentos dos meus três filhos foram acolhidos com tanta alegria e carinho!
Mais tarde os meus dois netos, com tanta ternura!

O dia do baptismo com o seu nome, da Escola Básica 2,3 de São Domingos de Rana em Matarraque, ficará também para sempre bem viva na minha memória, juntamente com todos os outros momentos que gentilmente quis partilhar comigo.
Sempre que estávamos juntas era invadida pelos sentimentos de honra e felicidade desmedidas, por me permitir com toda a generosidade, continuar a fazer parte da sua vida que ficará para sempre ligada à docência, à defesa dos direitos das crianças e à literatura infantil que justamente foi marcada por tantos prémios literários numa carreira exemplar.
Até sempre!
É assim que hoje repito a despedida!
Desta vez dolorosa, triste, com a alma em pedaços e com as lágrimas teimosamente a correr pelo mesmo rosto que sempre viu a sorrir nas nossas despedidas.
Até sempre, porque acredito que um dia nos voltamos a encontrar.