BEM VINDOS ÀS ILHAS ENCANTADAS ****** BEM VINDOS ÀS ILHAS ENCANTADAS ****** BEM VINDOS ÀS ILHAS ENCANTADAS ******

sábado, agosto 27, 2005

Um Pouco de Silêncio




Nesta nossa cultura trepidante, da agitação e do barulho, gostar de sossego é considerado uma excentricidade.

Sob a pressão do ter de parecer, ter de participar, ter de adquirir, ter de qualquer coisa, assumimos uma infinidade de obrigações. Muitas impossíveis, outras desnecessárias, e até algumas que não combinam connosco nem nos interessam.

Para os que ficam fora deste circuito não há perdão nem amnistia: os que não se submetem mas questionam, os que pagam o preço da sua autonomia, os que não se deixam escravizar, pelo menos sem alguma resistência.

O normal é estar bem informado, actualizado e ser produtivo. É indispensável circular, ser bem relacionado. Quem não corre com os demais, praticamente nem existe, e, se não tomar cuidado, é quase posto numa jaula e apontado como um animal estranho.

Pressionados pelo relógio, pelos compromissos, pela opinião alheia, disparamos sem rumo ou em trilhas determinadas como hámsteres que se alimentam da sua própria agitação.

Ficar sossegado é perigoso e pode parecer doença. Recolher-se em casa ou dentro de si mesmo, ameaça quem apanha um susto cada vez que examina a sua alma.

Estar sozinho é considerado humilhante, sinal de que não se arranjou ninguém – como se a amizade ou o amor se «arranjasse» numa loja.

Em relação ao homem, estar sozinho pode até ser libertador: enfim só, ninguém pendurado nele a controlar, a pedir alguma justificação, a aborrecer. Enfim, livre!

Mas com a mulher, não. Se está só, nas mentes preconceituosas, é sempre porque está abandonada: ninguém a quer!
Além da tristeza e desgosto pela solidão, tem-se horror à quietude. Pensa-se logo em depressão: quem sabe terapia e anti depressivos?

O silêncio assusta-nos por retumbar no vazio dentro de nós. Quando nada se move nem faz barulho, notamos as frestas pelas quais nos espiam as coisas incómodas e mal resolvidas, ou se vê outro ângulo de nós mesmos. Damo-nos conta de não somos apenas figurinhas atarantadas correndo entre a casa, o trabalho, o café, a praia ou o campo.

Existe em nós, geralmente nem percebido e nada valorizado, algo além desse ser que ganha dinheiro, paga contas, “faz amor”, corre, come, envelhece, e um dia (mas isso é só para os outros!) vai morrer. Quem é esse ser que afinal sou eu? Quais os seus desejos e medos, os seus projectos por cumprir e os seus sonhos por sonhar?

No susto que essa ideia provoca, queremos ruído, ruídos, muitos ruídos. Chegamos a casa e ligamos a rádio ou televisão antes mesmo de largarmos a carteira.

Não é para assistir a um determinado programa: é pela distracção, pela companhia, pela presença daquelas vozes. É para não sentirmos o “tal” silêncio!

O silêncio faz pensar, remexe águas paradas, trazendo à tona sabe Deus que desconcerto nosso. Traz-nos o medo de ver quem – ou o que – somos, adia-se o confronto com a nossa alma sem máscaras.

Mas, se aprendermos a gostar um pouco de sossego, descobrimos em nós e no próximo, regiões nem imaginadas, questões fascinantes e não necessariamente negativas.

Nunca esquecerei a experiência quase mágica de quando o meu pai, durante o nosso passeio pelo pinhal, me pôs a mão no ombro de criança e me disse:
-Fica quietinha, não faças barulho, escuta a chuva a chegar.

E ela chegou: de mansinho, lentamente, depois intensa tornando tudo singularmente novo.

A quietude pode ser como essa chuva: nela nos refazemos para voltarmos mais inteiros ao convívio, às tantas frases, às tarefas, aos amores.

É por isso que tanto me recolho, é em busca desse silêncio bom para que eu me escute a mim própria, para que eu escute os que me rodeiam e os possa perceber apercebendo-me, para que eu escute o vento nas folhas, a chuva nas pedras da calçada, e tudo o que fala muito além das palavras de todos os textos e da música de todos os sentimentos.

Esses sim, são importantes.

quinta-feira, agosto 25, 2005

Blog

Pois é!

Hoje, finalmente, dei-me conta de há quanto tempo iniciei o meu “blog”, e de há quanto tempo ele ficou em construção!

Na verdade, eu só lá deixei mesmo foi a rectro-escavadora a abrir caminho á minha timidez, ao meu desconhecimento destas lides e
á minha coragem para começar.

Nem me dei conta que as obras já duram sensivelmente à 8 meses!!!

Como o tempo passa…

Já lá tenho 2 comentários encorajadores e um deles, do grande amigo que me entusiasmou e me deu a conhecer todo o “pouco” que ainda sei sobre tudo isto, dizendo, claro, que a rectro-escavadora está a fazer falta para outra obra!!!

É desta, amigo!!! Vou libertá-la e com ela libertar-me também deste receio de “não ser capaz” que, por acaso nem parece nada meu!

Eu vou ser capaz!!! Eu vou conseguir!

Bem-hajas por toda a força, motivação e boa vontade Fernando.

Para ti, a minha admiração e o meu primeiro texto.

Fátima